REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
A Capitania dos Portos da Bahia instaurou um inquérito Aadministrativo para apurar as causas da invasão das ondas do mar no último domingo (12), envolvendo o ferryboat “Maria Bethânhia”. O navio, que fazia a travessia de Bom Despacho, na Ilha de Itaparica, para Salvador, causou pânico aos passageiros durante o trajeto. Sem qualquer proteção na proa, a embarcação teve o convés de veículos invadido diversas vezes pela força das águas e em alguns momentos chegou a inclinar, gerando gritos de muitos usuários que achavam que o ferry iria afundar.
Em nota distribuída na tarde desta terça-feira (13), o comando do Segundo Distrito Naval informou que o prazo de conclusão do inquérito é de noventa dias. Desde que chegou à Bahia, em março de 2012, a Internacional Marítima já enfrentou vários inquéritos da Capitania dos Portos. A Internacional foi contratada inicialmente por um ano pelo governo da Bahia para operar o sistema ferryboat. Depois, venceu uma licitação, da qual participou sozinha, e assumiu o sistema por mais 25 anos.
Pânico no meio do mar – O incidente com o ferryboat “Maria Bethânia” e o pânico causado aos passageiros ganharam destaque na imprensa nacional ontem, graças a um vídeo feito de celular pela usuária Nane Souza, postado no Facebook, e divulgado pelo JORNAL DA MÍDIA (confira ao final da matéria).
O comandante Flávio Almeida, da assessoria de comunicação do 2º Distrito Naval, disse que a situação é atípica e que o inquérito irá indicar porque as ondas invadiram a embarcação. “O ferry boat é uma embarcação registrada na Marinha, que atende às normas de segurança, e é apta a fazer esta travessia em condições de mau tempo. O caso da água ter invadido é que tem que ser apurado. É uma cena atípica. Vamos apurar porque aquilo aconteceu, se houve alguma falha”, diz o comandante.
Portão Desativado – Até antigos marinheiros e comandantes de embarcações ficaram de queixo caído com a invasão das ondas no “Maria Bethânia”. Afinal, o que realmente aconteceu? Por que uma embarcação com aquele porte não resistiu às ondas?
O JORNAL DA MÍDIA apurou junto a marítimos da Internacional Marítima que dois fatores foram decisivos para a ocorrência:
1) A Internacional Marítima, ao fazer a reforma da embarcação, com a ”supervisão” da Agerba, desativou o portão da proa, que era acionado pela tripulação em momentos de ondas elevadas através de um dispositivo hidráulico. Em lugar do portão, colocaram grades leves que não oferecem qualquer proteção. As imagens do vídeo da passageira Nane Souza mostram claramente que a falta do portão foi fatal.
2) Houve falha também do comando do “Maria Bethânia”, que colocou o navio pegando as ondas de proa. Normalmente em período de mar agitado como o de domingo à tarde, o navio é tirado um pouco da rota, deixando o lado da borda para o impacto das ondas.
“O que a Internacional fez, desativando o portão de bordo, foi uma coisa absurda e que coloca em risco a vida dos passageiros, pois muitos teimam em viajar no convés de veículos. A empresa com certeza quis economizar colocando grades em lugar dos portões e não tenho dúvida que o inquérito da Capitania dos Portos vai apontar essa falha grotesca. A grade que colocaram parece que foi feita de vergalhão e é totalmente incompatível para um ferryboat. Não protege nada. E a Agerba, que devia fiscalizar o patrimônio público, aprovou tudo porque na agência do governo ninguém entende nada de equipamentos de navegação. O sistema ferryboat não tem nenhuma fiscalização do Estado, que é o poder concedente”, afirmou um marítimo ao JORNAL DA MÍDIA.
“Sem risco nenhum” – A Internacional Marítima informou, em nota à imprensa, que a travessia não ofereceu riscos aos usuários. De acordo com a empresa, os ferries são preparados para fazer a navegação mesmo em condições climáticas como a do último domingo, quando os ventos chegaram a 40km. Algumas medidas de segurança foram adotadas, mas a travessia não chegou a ser suspensa. “Procedimentos de segurança específicos incluem redução da velocidade e menor quantidade de veículos embarcados”, informou a concessionária.
Assista ao Vídeo do pânico no ferryboat: